quarta-feira, 11 de maio de 2011

WAR... (Bob Marley)


War
(Bob Marley)
(Versão de O Rappa e Tribo de Jah)

Até que a filosofia
Que torna uma raça superior
E outra inferior
Seja finalmente
Permanentemente
Desacreditada e abandonada
Haverá guerra, guerra
Rumores de guerra...

Até que não haja
Jamais cidadão
De primeira e segunda classe
De qualquer nação
Até que a cor da pele
De um homem
Não tenha maior significado
Que a cor de seus olhos
Haverá guerra
Rumores de guerra...

Até que direitos iguais
Prevaleçam para todos
Sem distinção
De raça, de credo ou de cor
Haverá guerra, guerra
Rumores de guerra...

Até esse dia
O sonho da paz final
Da almejada cidadania
E o papel da moralidade
Internacional
Não serão mais
Que mera ilusão
A ser perseguida,
Mas nunca atingida
Porque haverá guerra
Rumores de guerra...

Até que os ignóbios regimes
Que mantém nossos irmãos
Oprimidos
Em condições sub-humanas
Sejam destruídos
Prá sempre banidos
Eeeeh!...

Até esse dia
Não se conhecerá a paz
A idéia e um mundo
Em harmonia
Não se dará jamais
Porque haverá guerra
Rumores de guerra
Eh!...

Guerra ao norte
Guerra no leste
Haverá guerra
A guerra se alastrará
Guerra ao sul
Guerra ao oeste
Haverá guerra...


O TEMPO...




O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; o tempo está em tudo.

Rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é; pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas, não bebendo do vinho quem esvazia num só gole a taça cheia; mas fica a salvo do malogro e livre da decepção quem alcançar aquele equilíbrio, é no manejo mágico de uma balança que está guardada toda a matemática dos sábios, num dos pratos a massa tosca, modelável, no outro, a quantidade de tempo a exigir de cada um o requinte do cálculo, o olhar pronto, a intervenção ágil ao mais sutil desnível.

O tempo sabe ser bom, o tempo é largo, o tempo é grande, o tempo é generoso, o tempo é farto é sempre abundante em suas entregas: amaina nossas aflições, dilui a tensão dos preocupados, suspende a dor aos torturados, traz a luz aos que vivem nas trevas, o ânimo aos indiferentes, o conforto aos que se lamentam, a alegria aos homens tristes, o consolo aos desamparados, o relaxamento aos que se contorcem, a serenidade aos inquietos, o repouso aos sem sossego, a paz aos intranqüilos, a umidade às almas secas; satisfaz os apetites moderados, sacia a sede aos sedentos, a fome aos famintos, dá a seiva aos que necessitam dela, é capaz ainda de distrair a todos com seus brinquedos; em tudo ele nos atende, mas as dores da nossa vontade só chegarão ao santo alívio seguindo esta lei inexorável: a obediência absoluta à soberania incontestável do tempo, não se erguendo jamais o gesto neste culto raro; é através da paciência que nos purificamos, em águas mansas é que devemos nos banhar, encharcando nossos corpos de instantes apaziguados, fruindo religiosamente a embriaguez da espera no consumo sem descanso desse fruto universal, inesgotável, sorvendo até a exaustão o caldo contido em cada bago, pois só nesse exercício é que amadurecemos, construindo com disciplina a nossa própria imortalidade, forjando, se formos sábios, um paraíso de brandas fantasias onde teria sido um reino penoso de expectativas e suas dores(..)`

(Trecho de Lavoura Arcaica – Raduan Nassar)

terça-feira, 10 de maio de 2011

HOMENS E DEUSES...


HOMENS E DEUSES

"Os deuses estavam de bom humor:
abriram as mãos e deixaram cair o mundo
os oceanos e as sereias,
os campos onde corre o vento.
as árvores com mil vozes.
as manadas, as revoadas
E, para atrapalhar, as pessoas.

O coração bate com força
querendo bombear sangue
para as almas anêmicas.
Mas onde está todo o mundo?
Correndo atrás da bolsa de grife.
do ipod, do ipad,
ou de coisa nenhuma.
Tudo menos parar, pensar, contemplar.

(Enquanto isso a Morte revira
seus grandes olhos de gato,
termina de palitar os dentes
e prepara o bote)"

Lya Luft